Eis a performance nossa de cada dia. Desempenho no trabalho, no
amor, na vida. Entregar sempre o melhor de si, surpreender, ir além da média. É
mais ou menos o que todo mundo procura - ou gostaria de procurar - em tudo o
que faz, seja o âmbito que for.
Mas como alcançar essa
performance ou superar seu próprio desempenho. Isso é mesmo necessário?
Chamo de performance a conjunção de 4
fatores interligados. E isso para qualquer tipo de performance, seja nos
esportes ou no trabalho.
- Motivação
- Padrão
- Crenças e Valores
- Estratégia
Ter uma performance
elevada, se você odeia seu emprego, só acontece se encontrar uma maneira
de se tornar motivado e ver prazer no que faz. Agora, se você
odeia seu chefe, seu emprego, sua área, e tudo o que faz, ainda assim
existe uma luz no fim do túnel. Uma das coisas mais úteis que aprendi é a
noção de que nada na vida tem significado, a não ser o significado que nós
damos às coisas.
Que conceito! A
partir dele você pode reposicionar o que o seu emprego significa na
sua vida e se tornar motivado para atingir uma performance melhor.
“Mas espera aí!” –
você pode dizer. “Eu já odeio meu trabalho. Qual a minha motivação para
passar a gostar mais dele?”
E é aqui que entra
a mágica. Se o seu trabalho é tão ruim assim, ele é uma ótima fonte de
treinamento para você mudar qualquer coisa na sua vida. Se você
desempenha um bom trabalho em um ambiente que odeia, isso quer dizer
que você é mais do que capaz de conseguir sucesso em um ambiente
favorável. O próximo passo é ir em busca de um trabalho que você realmente
goste.
O segundo fator
para atingir alta performance é aumentar seu padrão. Aumentar o nível
de exigência que põe sobre si mesmo (diferente da exigência que o seu
chefe coloca em seus ombros). É como ser um atleta profissional e atacar
as tarefas quase que como por esporte.
Quando seu chefe
pedir algo, você provavelmente já vai ter feito, ou fará muito mais rápido
do que ele mesmo espera. Os elogios virão, mas não caia nessa: você
está fazendo para superar a si mesmo e estar apto a conquistar seus
sonhos. Não para ganhar parabéns. Você não está mais na escola.
Repare: você
está de fato sendo pago para treinar.
O terceiro fator
para uma alta performance são um conjunto de duas Crenças e Valores. Crenças
e Valores são ideias sobre as quais você
tem um sentimento de certeza, de “eu posso fazer isso” baseado no que você acredita
e no que você valoriza.
Nossas crenças são fatores
importantes para nosso desenvolvimento pessoal e profissional, dependendo do
que você acredita poderá ter uma vida com grandes realizações ou não.
"As
crenças limitantes.
Eu não posso – Eu não consigo – Eu não mereço. Essas três crenças matam mais sonhos do que a falta de recursos financeiros, falta de instrução formal, crise econômica e desemprego ou qualquer outro motivo que você queira colocar aqui".
Eu não posso – Eu não consigo – Eu não mereço. Essas três crenças matam mais sonhos do que a falta de recursos financeiros, falta de instrução formal, crise econômica e desemprego ou qualquer outro motivo que você queira colocar aqui".
Para
"desarmar" uma crença limitante, pense em uma ideia como sendo o
tampo de uma mesa e as pernas dessa mesa seriam as referências e eventos na sua
vida que deram suporte à formação dessa sua crença. Para derrubá-la,
basta desmoronar essas pernas perguntando-se:
- O quanto eu estava realmente comprometido com
aquela tarefa quando fracassei?
- Será que a tarefa de hoje precisa
necessariamente ser igual ao fracasso passado?
- Será que eu não estava usando a estratégia
errada e na verdade tudo é mais simples do que parece?”
Com isso, você
eventualmente vai começar a duvidar da sua crença. Será que você é
realmente incompetente ou será que apenas acredita que é? Se crença é um
dos 4 elementos da performance pode ser que seja só isso que falta para
você ser um profissional de alta performance.
Ou pode ser que
esteja faltando estratégia.
O último elemento
da alta performance é simplesmente o “macete” de como fazer o que você faz
de uma maneira que seja muito mais eficaz, onde você investe menos energia
e obtém mais resultados. A livraria certamente será a sua melhor amiga.
Procure livros sobre produtividade e também sobre a sua área.
Busque modelos para imitar. Roberto Justus, Eike Batista, Jack Welch.
Todos esses caras estão disponíveis para serem imitados.
Existem vários
métodos de organização e produtividade e você pode procurar um que se
adeque melhor à você. Não reinvente a roda: alguém já fez exatamente o que
você precisa fazer, seja na área de vendas, organização, finanças ou
cultivo agrícola.
Eu pessoalmente
utilizo o método GTD do David Allen para gerenciamento de tarefas
e produtividade.
Esse é um método
que gerencia as ações que se toma e não o tempo ou as prioridades. Depois
que passei a implementar esse método, minha vida deu um salto
gigantesco em produtividade. Eu uso o Omnifocus para me ajudar na gestão das
tarefas. Não sei se vou usar esse método para sempre, mas por enquanto ele
me serve bem, me possibilitando administrar em torno de 150 – 200 ações e
escolher prioridades entre elas. Se eu fosse tentar fazer isso sem um método
e sem uma ferramenta para auxiliar, estaria perdido.
Com a estratégia
correta, alinhando suas crenças, elevando seus padrões e se mantendo
motivado, você vai pouco a pouco descobrir que pode ter uma
performance elevada.
E o melhor de tudo:
pode ser extremamente divertido.
Gustavo Gitti | Performance
artística
Link
YouTube | Mestres do ritmo falam sobre como é reunir tradições
percussivas de todas as partes do globo
Não sou artista,
mas ao saber desse texto fiz questão de contar um pouco do que já observei de
perto em meu professor de TaKeTiNa, o austríaco Reinhard Flatischler, um dos
maiores percussionistas do mundo, e também em outros grandes músicos com quem
já tive contato em workshops, como Glen Velez e Lori Cotler, e em concertos e
shows que tive a sorte de presenciar, como Avishai Cohen, Brad Mehldau, Béla
Fleck, Billy Cobham, Airto Moreira, John McLaughlin, Zakir Hussain, Martin,
Medeski & Wood, Naná Vasconcelos... Falo também lembrando de artistas de
outras frentes performáticas, como Denise Stoklos, Ivaldo Bertazzo, Cia.
Mimulus, Pina Bausch, Kazuo Ohno, Meredith Monk...
Algumas qualidades
que encontrei em todos eles:
1. Um profundo respeito pelos seus professores e
artistas antepassados da mesma linhagem. Eles sempre se consideram inferiores
aos grandes mestres e consideram seu trabalho um jeito de levar adiante o que
aprenderam.
2. Uma espécie de relaxamento que os protege de
qualquer joguinho pessoal ou exibicionismo.
Eles não sobem no
palco achando que terão de fazer um grande feito com muito esforço. Eles
treinaram o suficiente para que algo aconteça por meio deles, sem esforço. Eles
se consideram veículos de algo maior e portanto não chamam tanto a atenção para
si. Meu professor de TaKeTiNa diz que o melhor artista é aquele que se coloca
como pano de fundo e deixa espaço para que as pessoas entrem em viagens internas.
Link
YouTube | Glen Velez brincando em 7 com sua esposa Lori Cotler
3. Um intento transformador, quase xamânico, que
usa a arte para abrir as pessoas.
4. Esmero e precisão absurda a cada treino.
Fui ensinado, por
exemplo, a nunca tocar o tschanggo (instrumento coreano) só de brincadeira,
fazendo sons aleatórios, sem estar realmente presente ali, respirando, vivo.
Outro exemplo, agora na TaKeTiNa: várias vezes o Reinhard insistia em detalhes
ridiculamente pequenos como a pronúncia de "TiNa" focando em deixar
ressoar o "N". Ele dizia que o que diferencia algo incrível de algo
meia-boca são esses detalhes.
5. Uma curiosidade incessante em relação aos
sons de um instrumento, aos seus efeitos mentais e corporais, às explorações de
alguém que está aprendendo e às experiências das pessoas tocadas por sua arte.
Link
YouTube | Zakir Hussain tocando ao lado do pai, o grande Ustad
Allah Rakha
Marcos Bauch | Performance física
Quando o pessoal me
chamou pra falar sobre desempenho físico fiquei espantado. Logo eu que nem
de longe sou um atleta de ponta e nem um cara totalmente comprometido com
o esporte. Pratico esportes pela simples sensação de satisfação e realização
que ele me proporciona.
Pô, mas que
desempenho é esse que eu devo comentar? Será que só um atleta de
alto rendimento tem um bom desempenho físico?
Claro que não. Não
faltam exemplos do lixeiro que virou maratonista, gari que se tornou
fisiculturista, garçom que resolveu correr pra esquecer um amor. Todos esses
caras possuem um desempenho físico formidável e, não só isso, mas também
uma garra e força de vontade incríveis, mas não chegam nem perto de ser um
Usain Bolt.
Percebi então que o
foco do meu texto não é sobre o desempenho físico em si, mas sobre como
definir o que é um bom ou mau desempenho.
Um dos parâmetros
que me veio à cabeça seriam as metas que buscamos dentro de cada
atividade. Se você se propõe a correr 5km, e conseguiu, você tem um
desempenho físico excelente, dentro das suas metas.
Eu, por exemplo,
tenho como meta nadar percursos cada vez mais longos e participar de
travessias em mar aberto ao redor do mundo. É uma meta que parece simples, mas
que acaba influenciando toda a minha vida e meus hábitos.
Treino natação 4
vezes por semana e faço musculação 2 vezes por semana. Isso quer dizer que
se eu não me alimentar bem ou não tiver um bom sono na noite anterior, meu
treino do dia seguinte não vai ser nada proveitoso. Ou seja, estabelecer e
atingir metas é mais um estilo de vida, do que uma resolução pontual.
Mas só isso não é
suficiente. Em qualquer atividade física é essencial lembrar que você é
seu maior oponente. Sempre.
Costumo brincar que natação de águas abertas não
é um esporte fácil para a mente.
Você passa muito
tempo sem interagir socialmente, sem ver nada muito interessante, sem
ver outras pessoas, sem ouvir nada alem da água batendo e sua respiração.
É apenas você e seus pensamentos, por horas a fio.
Eu gosto de cantar
enquanto nado. Minha mente parece uma vitrola ou um radinho à pilha:
sempre tem uma música tocando.
Ultimamente tenho
tentado diminuir o volume dessa vitrola mental, focando apenas no barulho
d’água. Me parece que dar menos atenção para os pensamentos (ou
músicas) deixa o meu nado mais eficiente, liberando o corpo pra fazer o
que ele é treinado pra fazer. Lógico que não é fácil, embora, às vezes,
1km passe sem que eu tenha percebido.
O bom de atrelar
seu desempenho com suas metas é que sempre se pode ir além. As metas sempre
podem evoluir, seu desempenho físico irá junto e você saberá se avaliar (e
cobrar).
O pulo do gato é estabelecer
metas ambiciosas; adaptáveis, mas atingíveis. O objetivo é não
descansar enquanto não chegar lá, sem perder de vista o treinamento. E mesmo
que sua meta seja pequena, comparada às dos outros, levantar a cabeça e
dizer: “hoje eu andei 1km!”
Eduardo Pinheiro |
Performance intelectual
Nunca me achei
mediano.
As pessoas ao meu
redor sempre acabam reassegurando que sou muito inteligente, sem falar de
sempre dar aquela espezinhadinha quando erro algo que supostamente devia saber.
Porém, quando entrei no curso de física eu não estudava desde a quarta-série do
fundamental.
Na verdade, nunca
soube estudar: não me interessava pelo que ensinavam na escola, e simplesmente
ia levando e passando de ano com algumas recuperações. Porém na Física eu
percebi que se eu não separasse um tempo todo dia para resolver problemas, não
ia dar (e não deu, larguei o curso). A pessoa pode ter certa facilidade de
entender os conceitos, mas se não desenvolver os hábitos e se tornar ágil com a
matemática (no caso da Física), ela não vai longe.
A partir daí perdi
boa parte do meu orgulho usual (um tanto alimentado por família e amigos)
quanto a meu intelecto. No que tange certa “facilidade”, creio que sou
ligeiramente, nada mais do que isso, acima da média – mas no que tange a diligência
e tenacidade em se aplicar em aprender algo, sou tremendamente inferior à
média.
Porém às vezes
ainda me surpreendo com a preguiça de pensar que vejo em algumas pessoas. Como
disse, não tenho muita capacidade para o esforço continuado, porém, quando o
assunto me interessa, tendo a ser absolutamente obsessivo. Tenho segurança que,
se eu me focar e tiver tempo, nada é realmente difícil de aprender.
Vejo que a maioria
das pessoas vê certos assuntos como intransponíveis. Nesse sentido acho que um
terceiro fator, além da constituição básica da pessoa, e doesforço que
ela coloca, é importante: certa confiança em sua própria capacidade.
Vejo claramente isso na área de informática e línguas, há quem simplesmente
feche a mente perante certos entendimentos. Isso, creio, é uma obtusidade que
algumas vezes justifica a falta de interesse, mas em outros casos é a causa
dessa falta.
* * *
E você, está
satisfeito com sua performance atual, nos diferentes campos da vida em que está
inserido? Como faz para melhorar seu desempenho?